Virou o último gole da cachaça, jurou o último amor pela Teresa e deitou-se na rede esperando a boa hora.
A brisa balançava a rede e ele olhava pra longe, pro nada, imóvel. 'Canta aquela música pra mim, teresa?'. Voz doce que ela tem.
"O sol bem vermeio nasceu muito além. Meu Deus, meu Deus...". Voz doce da teresa, brisa, rede. 'Segura forte na minha mão, teresa'.
A voz de teresa era carregada de dor. Dor que encanta, de tão sincera. A cantiga deixava o seu peito apertado. Olhar perdido no horizonte.
"Oiando pra terra, seu berço, seu lar. Meu Deus, meu Deus...". Respiração ofegante. 'Você lembra como a gente foi feliz, teresa?'.
Agora teresa encarava o horizonte. Olhar fixo, como se o crepúsculo fosse tela de cinema passando o filme da sua vida.
Foi a primeira vez que ele jurou amor pela teresa. Pegou na sua mão e propôs fuga. Teresa não exitou e deixou o casamento para trás.
Lembra como você derrubou os capangas do meu pai, um por um? Teresa se orgulhava do marido. Naquele dia ele prometeu nunca deixá-la sozinha.
As lembranças invadiam a mente de teresa, sem permissão. E ela chorava, ria, cantava, tudo ao mesmo tempo.
Sentada na cadeira ao lado da rede, teresa podia ver os cabelos brancos dele refletidos pelo pôr-do-sol. Ele, calado e imóvel.
"Se o nosso destino não for tão mesquinho, ai pro mesmo cantinho nós torna a voltar...". Teresa derramou lágrimas quando ele soltou sua mão.
Foi a primeira vez que ele quebrou uma promessa, deixando teresa sozinha para sempre.
"E assim vão deixando com choro e gemido, do berço querido, céu lindo e azul. Meu Deus, meu Deus".
(m.queiroz / l.gonzaga)
*poema escrito no twitter de 02 de julho a 21 de setembro de 2009. Inspirado na música 'a triste partida' de luiz gonzaga.