Novo fanzine em Maringá, voltado para a publicação de contos, crônicas e outros escândalos.
DESLIGUE O COMPUTADOR E VÁ LER UM LIVRO
segunda-feira, 30 de junho de 2008
segunda-feira, 23 de junho de 2008
Estelita Bate-Bate
Estelita já foi moça. Jura que foi.
Foi moça há pouco tempo. Jura que foi.
Quando moça, namorou um padre. Jura que sim.
Descobriu que ele era bicha. Jura que descobriu.
Casou-se com João Gostoso. Ficou viúva.
A vida lhe sorriu: Carlos, Manolo, Conrado.
Amores Passageiros: Eternos enquanto duraram.
No pagode, conheceu Tião.
Forte, estúpido, suado. Perfeito.
Foi lhe dar um beijo, levou um tapa. Que homem.
Lua de Mel: fratura exposta. Inesquecível.
Três surras por dia. Paraíso.
Às Pressas pro hospital: Traumatismo Craniano.
Tião mandou flores. Estelita Suspirou.
Certa vez, espancou-a e sumiu.
Ela chorou. Saudade.
Fez juras de amor. Jura que jurou.
“Tapa de amor não dói”. Jura que não.
Foi moça há pouco tempo. Jura que foi.
Quando moça, namorou um padre. Jura que sim.
Descobriu que ele era bicha. Jura que descobriu.
Casou-se com João Gostoso. Ficou viúva.
A vida lhe sorriu: Carlos, Manolo, Conrado.
Amores Passageiros: Eternos enquanto duraram.
No pagode, conheceu Tião.
Forte, estúpido, suado. Perfeito.
Foi lhe dar um beijo, levou um tapa. Que homem.
Lua de Mel: fratura exposta. Inesquecível.
Três surras por dia. Paraíso.
Às Pressas pro hospital: Traumatismo Craniano.
Tião mandou flores. Estelita Suspirou.
Certa vez, espancou-a e sumiu.
Ela chorou. Saudade.
Fez juras de amor. Jura que jurou.
“Tapa de amor não dói”. Jura que não.
Michel Queiroz
sexta-feira, 13 de junho de 2008
resmungos numa noite de quarta
Perdia-se na estampa quadriculada da camisa dele. Ao longe ouvia: ‘analisem a oração: é fácil alguém acreditar que é perigoso a Nilce dormir debaixo da jaqueira.’ Não sabia quem era Nilce, ou onde ficava a jaqueira. A camisa quadriculada, tinha cor de sujo, de encardido, realçando a gola esgarçada.
A eternidade deveria ser mais veloz que aquela aula. Tinha pena de sair da sala, e deixa-lo explicando a matéria para ninguém, ou para os quadriculados da camisa. Nesses dias pensava em largar a faculdade, largar a vida. Achava inútil estudar se não via graça no que estudava. Pensava o que faria da vida se largasse a faculdade, o que a vida faria com ele.
Na sala de aula, pessoas feias ostentavam falsas máscaras, com escritos hipócritas: ‘mais inteligente’, ‘mais dedicado’, ‘autodidata’, ‘história difícil, infância pobre’, ‘galinha da turma’, bicha enrustida’. Quando conversava com eles não via mais os rostos, somente as máscaras com escritos em letras garrafais. Pensava qual a máscara as pessoas viam nele. Será que já tinham percebido que tentava disfarçar sua máscara, usando uma face por cima dela?
Cansou do dilema. Esbravejou. Criticou. Sumiu. Nunca mais foi visto. Até que um dia o encontraram sozinho, resmungando como um velho, debaixo de uma jaqueira.
A eternidade deveria ser mais veloz que aquela aula. Tinha pena de sair da sala, e deixa-lo explicando a matéria para ninguém, ou para os quadriculados da camisa. Nesses dias pensava em largar a faculdade, largar a vida. Achava inútil estudar se não via graça no que estudava. Pensava o que faria da vida se largasse a faculdade, o que a vida faria com ele.
Na sala de aula, pessoas feias ostentavam falsas máscaras, com escritos hipócritas: ‘mais inteligente’, ‘mais dedicado’, ‘autodidata’, ‘história difícil, infância pobre’, ‘galinha da turma’, bicha enrustida’. Quando conversava com eles não via mais os rostos, somente as máscaras com escritos em letras garrafais. Pensava qual a máscara as pessoas viam nele. Será que já tinham percebido que tentava disfarçar sua máscara, usando uma face por cima dela?
Cansou do dilema. Esbravejou. Criticou. Sumiu. Nunca mais foi visto. Até que um dia o encontraram sozinho, resmungando como um velho, debaixo de uma jaqueira.
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