quarta-feira, 25 de julho de 2012
antes dos 15 anos
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
terça-feira, 13 de setembro de 2011
a triste partida
Virou o último gole da cachaça, jurou o último amor pela Teresa e deitou-se na rede esperando a boa hora.
A brisa balançava a rede e ele olhava pra longe, pro nada, imóvel. 'Canta aquela música pra mim, teresa?'. Voz doce que ela tem.
"O sol bem vermeio nasceu muito além. Meu Deus, meu Deus...". Voz doce da teresa, brisa, rede. 'Segura forte na minha mão, teresa'.
A voz de teresa era carregada de dor. Dor que encanta, de tão sincera. A cantiga deixava o seu peito apertado. Olhar perdido no horizonte.
"Oiando pra terra, seu berço, seu lar. Meu Deus, meu Deus...". Respiração ofegante. 'Você lembra como a gente foi feliz, teresa?'.
Agora teresa encarava o horizonte. Olhar fixo, como se o crepúsculo fosse tela de cinema passando o filme da sua vida.
Foi a primeira vez que ele jurou amor pela teresa. Pegou na sua mão e propôs fuga. Teresa não exitou e deixou o casamento para trás.
Lembra como você derrubou os capangas do meu pai, um por um? Teresa se orgulhava do marido. Naquele dia ele prometeu nunca deixá-la sozinha.
As lembranças invadiam a mente de teresa, sem permissão. E ela chorava, ria, cantava, tudo ao mesmo tempo.
Sentada na cadeira ao lado da rede, teresa podia ver os cabelos brancos dele refletidos pelo pôr-do-sol. Ele, calado e imóvel.
"Se o nosso destino não for tão mesquinho, ai pro mesmo cantinho nós torna a voltar...". Teresa derramou lágrimas quando ele soltou sua mão.
Foi a primeira vez que ele quebrou uma promessa, deixando teresa sozinha para sempre.
"E assim vão deixando com choro e gemido, do berço querido, céu lindo e azul. Meu Deus, meu Deus".
(m.queiroz / l.gonzaga)
*poema escrito no twitter de 02 de julho a 21 de setembro de 2009. Inspirado na música 'a triste partida' de luiz gonzaga.
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
ninguém usa paletó marrom
segunda-feira, 19 de julho de 2010
sexta-feira, 28 de maio de 2010
amor no lar
- sabe mas não muda!
- ...
- sempre em segundo plano. não era isso que eu queria...
- é, eu sei...
- tu acha que eu precisava disso? que não tava bom na casa da minha mãe?
- ...
- minha vida tá uma droga!
- ...
- e sabe por culpa de quem?
- é, eu sei...
- sabe mas não muda!
- ...
- quando a gente namorava era diferente! presente pra cá, meu amor pra lá! onde foi parar tudo isso?
- ...
- feliz é a minha irmã que ficou solteira, independente. tá até mais bonita!
- é, eu sei...
- como assim, sabe? tu anda reparando na minha irmã?
- ...
- se não bastasse não me valorizar, fica olhando pras outras? isso eu não admito!
- ...
- tenho deixado de cuidar de mim mesma, pra te dar atenção! tô até mais gorda...
- é, eu sei...
- ah, seu cretino! vc não me merece! eu que te amo tanto! que faço todos os seus gostos! é isso que recebo em troca?
- ...
- tá rindo de que? para de ler essa porcaria de livro e olha pra mim quando eu falo!
- você conhece dalton trevisan? é que tem um haicai hilário que ele escreveu!
- eu não quero saber disso...
- o nhô joão é feliz por ter uma catarata no olho que impede de ver a sua mulher!
- e o que tem de engraçado nisso?
- bem que eu queria uma catarata dessa!
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
quando mamãe sai de casa
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
Concurso Literário Revista Piauí
O conto "Edifício Três Marias" foi o grande vencedor do último Concurso Literário da Revista Piauí, Editora Abril. A revista comemora 3 anos e, é um grande prazer participar dessa festa.
Acesse o site da Revista Piauí.
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
edificio três marias
Quarta-feira, 7:44am, Av. Brasil: "não soube? foi ali pertinho, na getúlio...", "rapaz novo, nem 40 anos...", "é verdade! o vidro do carro quebrou com o impacto...", "deve ser mais um desses drogados...", "parece que era escritor, mas ninguém conhece...", "tinha uma carta no bolso, mas ninguém entendeu a letra...".
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
remoto controle
4, tiro, 8, 10, pastor, fora do ar, 23, menina com maquiagem esquisita, fora do ar. Bosta de televisão! O médico avisou que depois dos 70, insônia era comum. A menina da maquiagem até que tinha as pernas grossas, mas dançava feito bêbada. Acendeu um cigarro e fumou numa tragada só. Ai, se a filha descobrisse que estava fumando, tomava castigo. Velho não serve pra nada. Só pra tomar sopa, remédio e castigo. Ele sabia se vingar: dia desses ficou tão nervoso, que se mijou inteiro de propósito. Lalinha o xingava lá do tanque enquanto lavava suas calças e ele ria tanto, que se engasgava. Ria, tossia e engasgava.
4, tiro e pneu queimando, jô, 10, pastor segurando copo d'água, fora do ar, 23, música insuportável, fora do ar. Ele prometeu se comportar e parar de fumar quando ela ameaçou vender a tv. Pura implicância da Lalinha, dizia quando alguém perguntava. O único que se importava com o pai era o Jorge, filho mais velho. Toda vez que Lalinha ranhetava, já ia o velho pegar telefone pra ligar pro Jorge. Ele nunca atendia as ligações e lá vinha a capeta da Lalinha com a história de que o Jorge nunca atendia por não querer mais saber do pai. Mas ele sabia que o filho tinha seus negócios e qualquer dia fretaria uma Perua, e buscaria ele e a tv pra morar no seu apartamento. O velho iria na caçamba da Perua, sentindo o vento esvoaçar os poucos cabelos que lhe restavam. O filho, preocupado, daria ordem que ele segurasse com força pra não cair.
4, jornal, um beijo do gordo, 10, pastor gritando noutra língua, fora do ar, 23, menina de cabelo rosa e brinco na boca, fora do ar. A luz começou a entrar sem pressa pela cortina da sala. Controle-remoto caído no chão, passos na escada, tv fora do ar, Lalinha chorando em desespero. O velho enfim conseguiu dormir.
segunda-feira, 29 de junho de 2009
quarta-feira, 29 de abril de 2009
Velório do tio nelson
sexta-feira, 20 de março de 2009
A mulher que remelava
No aniversário de casamento comprou camisola nova, tomou banho de mangueira, passou batom vermelho na boca rachada e sombra roxa no olho que não remelava. Apagou a luz do quarto e deitou-se ensaiando pose sensual no espelho. Ficou de ladinho escondendo as varizes da perna com a mão. Olhou pro espelho novamente e se achou parecida com uma leitoa. Prometeu jogar porco no bicho. O marido não chegava. A perna direita dava câimbras. As banhas transpiravam deixando a camisola molhada. A remela do olho murcho escorreu até a boca e se misturou com a baba no travesseiro. Dormiu.
O marido abriu a porta da sala e ouviu o ronco que vinha do quarto. Decidiu nem chegar até lá e ficou pelo sofá.
Jacira acordou pela manhã com o olho tapado de remela. Levantou-se e viu o marido dormindo na sala. “Cretino”, pensou. Abriu a carteira e pegou o dinheiro do vício. Abriu novamente e pegou mais. Calçou chinelo de dedo e foi pra rua de camisola e olho-só. Pensou no marido e jogou meio a meio: burro e veado.
Se percebesse seu reflexo na vitrine, ganharia uma bolada. Bicho certo era o porco – de olho murcho e remelento.
segunda-feira, 9 de março de 2009
Opinião do Leitor
"Esta porra está abandonada!".
Editor responde:
"Sim, está!".